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A experiência

Quando eu estive em Saint-Louis, para um projeto solidário, vi muitas pessoas com atividades visivelmente « reduzidas » para empregar um eufemismo: conversavam na rua, olhavam os operários trabalharem, telefonavam para amigos. Eu estava incrédulo, nós trabalhávamos duro num canteiro de obras e as pessoas, em volta, podiam passar horas a não fazer nada além de nos observar.

Para ilustrar esta visão do tempo que, para mim, ocidental, estimava perdido, eu gostaria de contar uma pequena anedota: um membro da minha equipe e eu tínhamos que ir para Saint Louis com o nosso chefe de campo senegalês, para sacar dinheiro no caixa eletrônico. Nós fomos até o vilarejo para pegar uma espécie de ônibus, aliás chamado ironicamente de « ônibus rápido ». Não havia horários de partida. Partíamos quando ele ficava cheio. Após uma boa meia hora de espera, finalmente o ônibus saiu. O trajeto durou uma eternidade já que parávamos a cada quilômetro para pegar novos passageiros apesar do ônibus já estar lotado, com passageiros nas escadas e para fora.

E assim, levamos no total quase um dia inteiro para ir « simplesmente » sacar dinheiro no caixa eletrônico. Obviamente a diferença em termos de tecnologia e nível de desenvolvimento é flagrante e, a meu ver, tem muita influência na cultura das sociedades; ainda assim, no Senegal, um trajeto de algumas dezenas de quilômetros pode levar de 1 à 4 horas, ou seja, uma faixa horária enorme. Dessa forma, isso implica que tenhamos uma planificação e gestão do tempo completamente diferentes.

Hoje, tenho dois sentimentos contraditórios, na verdade: por um lado, estou convencido de que um dos freios ao desenvolvimento nesse país é a inatividade e a falta de « senso de trabalho »; por outro lado, admito que tenho uma visão muito ocidental da vida onde é necessário trabalhar para ganhar dinheiro, para viver, para se realizar. E onde não é concebível não fazer nada.

Senegal, 2013

Quem conta

Nicolas, (Francês) Enquanto fazia parte dos Escoteiros e Guias da França há muitos anos, em 2011, Nicolas decidiu montar uma equipe de « companheiros » para tocar um projeto de solidariedade internacional por dois anos. Ele atingiu esse objetivo em julho de 2013, com uma viagem de mais de 3 semanas ao Senegal. Nicolas tem então 19 anos e acabou de terminar o seu primeiro ano em Sciences Po (Ciências políticas). Eles eram seis na equipe, todos da mesma idade, junto com um casal de orientadores.

A curta duração de tempo passado em contato com uma cultura tão diferente da sua não conseguiria ilustrar o incrível enriquecimento cultural que foi essa experiência. A intenção era atingir três objetivos, em parceria com os escoteiros senegaleses: construir as paredes de um centro de horticultura do vilarejo, animar uma colônia de férias com as crianças do vilarejo e, por fim, descobrir autenticamente alguns lugares do país.

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L’experience

« Lorsque je me suis rendu à Saint-Louis dans le cadre d’un projet de solidarité, nombreux étaient les gens à l’activité visiblement « réduite » pour employer un euphémisme: on parle dans la rue, on regarde des ouvriers travailler, on téléphone à des connaissances. J’étais incrédule, nous travaillions dur sur le chantier et des gens, sur la piste qui le bordait, pouvaient passer des heures à ne rien faire sauf nous regarder.

Pour illustrer cette vision du temps que moi, occidental, je jugeais perdu, je souhaiterais raconter une courte anecdote. Un membre de mon équipe et moi devions nous rendre à Saint Louis avec notre chef de camp sénégalais afin de retirer du liquide au distributeur de billets. Nous nous rendîmes au village afin de monter dans une sorte de bus, d’ailleurs appelé ironiquement « car rapide ». Pas d’horaires de départ. On part quand on est plein. Après une bonne demi-heure d’attente, nous partîmes enfin. Le trajet dura une éternité puisque nous nous arrêtions tous les kilomètres pour faire monter de nouveaux passagers alors que le bus craquait déjà, certains voyageant sur le marchepied extérieur.

Ainsi, nous prîmes au total presque une journée entière pour aller « simplement » retirer de l’argent au distributeur. Si, bien entendu, la différence en terme de technologie et de niveau de développement est flagrante, et à mon sens très prégnante dans son influence sur la culture des sociétés, il n’en reste pas moins qu’au Sénégal, un trajet de quelques dizaines de kilomètres prend entre 1 et 4 heures, soit une fourche horaire plutôt qu’une fourchette. Dès lors, cela implique une planification et un modèle de gestion du temps totalement différents.

Aujourd’hui, deux sentiments se contredisent à vrai dire: d’une part, je reste persuadé qu’un des freins au développement dans ce pays est l’inactivité et le manque de « sens du travail »; d’autre part, j’admets une vision très occidentale de la vie où il faut travailler pour gagner de l’argent et pour vivre, et pour s’accomplir. Et où ne rien faire n’est pas souhaitable pour être épanoui. »

Sénégal, 2013

Qui raconte

Nicolas, (Français) Faisant partie des Scouts et Guides de France depuis plusieurs années, en 2011, Nicolas décide de monter une équipe dite « compagnons » afin de tenter de mener à bien un projet de solidarité internationale en deux ans. Objectif atteint en juillet 2013, avec un voyage de plus de trois semaines au Sénégal. Nicolas a alors 19 ans et vient de finir sa première année à Sciences Po. Ils étaient six dans l’équipe, tous du même âge, et un couple d’accompagnateurs les cornaquait.

La courte durée (à l’échelle) du temps passé au contact d’une culture très différente de la sienne ne saurait rendre compte de l’incroyable enrichissement culturel que cela a été. Il s’agissait de remplir un triple objectif, en partenariat avec des Scouts sénégalais: construire une partie d’un mur d’enceinte d’un centre horticole dans un village; animer un centre aéré avec les enfants du village l’après-midi; et enfin découvrir authentiquement quelques endroits du pays.

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The experience

« When I went to Saint-Louis to work on a humanitarian project, it seemed to me that many people had an apparent “reduced” activity to say the least: they chatted in the streets, looked at workers working, phoned acquaintances. I couldn’t believe it, we were working hard on the construction site and there were some people, who would have nothing better to do than stare at us for hours from the bordering road.

As a European, that time seemed lost and to better illustrate this notion of time, I would like to share with you the following anecdote. A member of my team and myself had to go to Saint-Louis with our Senegalese camp chief to withdraw some cash from the ATM. We went to the village where we got on a sort of bus. Ironically it was called a “rapid car”. There was no scheduled departure. The bus leaves when it’s full. After a good half hour wait, we finally left. The journey took forever: every kilometer we stopped to load additional passengers. As if the bus wasn’t already full, some passengers even travelled on the step outside the door.

In the end, it took us almost a full day “just” to go take some cash! There is an obvious difference in terms of technology and level of development, that surely influences each culture’s society, but it remains that in Senegal, to travel a few kilometers it can take between one to four hours. That’s a full time zone of a difference! Given these odds, planning and time management can only be different too.

Today, to tell you the truth, I’m experiencing mixed feelings. One of the barriers to development in this country is without a doubt inactivity and the lack of a “work ethos”; on the flip side, I admit that I have a very Western way of envisioning life, where people have to work to make money, live and experience fulfilment. And where, if you want to be happy, doing nothing is not an option. »

Senegal, 2013

Who’s telling the story

Nicolas, (French) As a longtime member of France’s Scouts and Guides, in 2011, Nicolas established a team of said “companions” in the hopes of accomplishing a humanitarian project in two years. They reached their goal in July 2013 with a 3-week trip to Senegal. Nicolas was 19 years old and he had just ended his freshman year at Sciences Po.

This short time spent with a culture different than his cannot account for the immense cultural enrichment that it turned out to be. In collaboration with Senegalese scouts, they had three goals: build a portion of the wall enclosing an horticultural center in a village, in the afternoon, cater to the village’s children attending the youth center, and discover some places, authentically.