A experiência
Eu achava que o que mais me supreenderia na Ruanda, seriam os gorilas dos vulcões do Parque Nacional. E, na verdade, me dei conta rapidamente de que a maneira como as pessoas me cumprimentavam era surpreendente : em vez de ser uma mão firme estendida, eles me apresentavam um braço molengo.
Isso aconteceu várias vezes. No início, até pensei que a pessoa tinha alguma deficiência ou tinha tido um AVC. Mas a cada novo encontro, eu entendia que a norma ali não era o habitual aperto de mãos.
Quando pedi explicações, descobri que uma mão mole e « pendurada » é considerada um sinal de deferência e respeito em relação à pessoa encontrada. Como se disséssemos: “pode pegar o meu braço todo, se quiser, não oferecerei nenhuma resistência ; eis o tamanho do respeito que eu lhe tenho”.
Como as conveniências dos cumprimentos em geral são extremamente importantes nas culturas africanas, aprendi rapidamente essa saudação ruandêsa e também a do Sul da Uganda (do outro lado da fronteira) e aprendi a apertar a mão do outro levemente e lentamente, o que me parecia ser a melhor maneira de lhe mostrar o meu respeito. Não chegarei mais na África com a ideia de receber um aperto de mãos firme e determinado – e ficaria muito espantado se isso acontecesse!
Ruanda, 2011
Quem conta
Jason Cressey (Inglaterra) 30 anos, tem um sorriso radiante, se interessa por tudo e, principalmente, gosta de viver uma vida feliz, curiosa e aventureira pelo mundo quando ele não está em casa, uma pequena ilha na Costa Oeste do Canadá. Ele adora a Turquia, onde volta todo ano com o marido, e viaja a cada inverno para lugares distantes e variados como Indonésia, Paraguai, Kiribati e Brunei. Nascido no Yorkshire, Jason hoje palestra ateliers de psicologia em empresas. Ele também é cenarista e consultor da adaptação do documentário filmado baseado em seu livro Deep Voices sobre golfinhos e baleias na mitologia e crenças espirituais. Ele também tem um hotel na Ilha de Salt Spring (Canada), e leva grupos para nadar com as baleias jubarte em Niue no Pacífico Sul.
O que você pensa disso?
Reação da Eleonore, Francesa, na casa dos 30: « A minha cultura me ensinou a mostrar autoconfiança e determinação por um aperto de mãos firme e seguro. Nunca pensei que esta maneira pudesse parecer desreipeitosa em outros lugares.
Esta experiência foi uma revelação para mim: eu passei tantas horas trabalhando com populações africanas para prepará-los para entrevistas de trabalho na França. Eu lutava para que eles entendessem que tinham que ficar retos, olhar o interlocutor nos olhos, apertando a mão com firmeza e nunca me questionei se a atitude deles, que eu tomava por indiferença, pudesse ser de origem cultural.
O quiprocó pode ser grande, quando duas culturas se encontram em torno de um aperto de mãos através do qual cada uma quer transmitir – e espera receber – uma mensagem diferente : o respeito numa e a autoconfiança na outra. »